StudioShantYoga

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terça-feira, 14 de dezembro de 2010

AS RELAÇÕES ENTRE YOGA, SAÚDE DA COLUNA E ABDÔMEN FIRME.

Por paradoxal que isso possa ser, a qualidade de vida não é o verdadeiro objetivo da prática. “O yoga não foi desenvolvido para um público que procurava apenas saúde ou bem-estar”, explica o médico César Deveza. Segundo ele, os antigos yogues que viviam em florestas e cavernas tinham uma meta muito mais alta: transcender a existência humana. “A saúde era mera consequência.” A respiração dos yogues, segundo Deveza, precisava ser perfeita. Seus movimentos musculares, livres de contraturas. E o pensamento tinha que estar totalmente sob seu controle. Ou seja: o que a experiência dos yogues indianos deixa transparecer, assim como o que sempre se afirma nos principais textos desse sistema, é que os exercícios práticos servem mesmo é como preparação à meditação.
Segundo toda a compreensão do yoga clássico e de seus principais tratados, mais importante do que os estímulos físicos é a atenção do praticante ao que está acontecendo com seu corpo. Isso faria diminuir o foco excessivo que os ocidentais costumam ter nos processos mentais. Ora, mas quem puxa ferro em uma academia também não está movendo sua atenção para o corpo? “Sim, mas a ginástica trabalha tensões. O yoga, distensões”, observa Deveza.


 As aulas de ioga podem ajudar na definição do abdômen. Embora não seja a meta do yoga, pode ser uma consequência. Além das técnicas respiratórias que promovem o trabalho dos músculos abdominais profundos, inúmeras posições da prática solicitam fortemente o trabalho abdominal para a estabilização dos movimentos, contribuindo para o fortalecimento da parede abdominal.
Trabalhar a região da barriga é fundamental para auxiliar na sustentação do corpo. Por isso, em uma determinada postura, se o músculo abdominal não estiver enrijecido, a coluna pode dobrar mais do que o corpo permite, o que prejudica a coluna e toda a estrutura óssea.
Vários aspectos pertencentes ao universo do hatha yoga podem promover um abdômen firme, tais como:


Controle da respiração
Os exercícios respiratórios, ou os pranayamas, têm como principal foco a interferência nos impulsos que determinam o ritmo da respiração, levando o praticante a respirar cada vez menos, mas sem que isto provoque falta de ar. É uma eficiente técnica de meditação, dizem os textos de Yoga. Como não podemos interferir diretamente no controle da atividade da mente, devemos interferir no controle do ritmo respiratório, porque estão intimamente ligados.
“É importante, no entanto, ter a consciência de que existe hora certa para o trabalho respiratório”, enfatiza Deveza, que pesquisa técnicas de respiração no Laboratório de Fisiologia Integrada e Sono, no Incor. Forçar a lentificação da inspiração e da expiração pode ser bem aflitivo — ainda mais em um momento estressante ou em um ambiente que exige atenção. “Cada situação pede uma maneira diferente de respirar, e o corpo dá conta dessas mudanças naturalmente”, resume o educador físico e professor de ioga Marcos Rojo, da Universidade de São Paulo.
Para aprender exercícios específicos, a orientação de um especialista é sempre indispensável: existem diversos métodos que modulam a ventilação dos pulmões por meio de estímulos diferentes. Na ioga, por exemplo, que não tem a respiração como um fim em si, mas como uma ferramenta inerente à sua prática, valoriza-se a pausa e o prolongamento da expiração.
Quando o corpo respira de maneira adequada, até as costas saem ganhando. “O encurtamento do diafragma pode sobrecarregar a coluna”, alerta Rojo. É que esse músculo está ligado às vértebras cervicais e lombares. Daí, quando não trabalha direito, elas acabam prejudicadas. Por isso é tão importante fortalecê- lo e torná-lo eficiente como um bom elástico: forte e flexível.
O controle da respiração durante a realização de outros exercícios físicos tem como principal objetivo a estabilização do movimento. Por isso, a respiração em si não traz modificações na estética e no fortalecimento da parede abdominal. No entanto, para um indivíduo destreinado, esse estímulo pode ser suficiente para obter pequenas, mas significativas melhorias nesses músculos, como a diminuição da flacidez.


Boa postura
Ela é fundamental para eliminar a barriga. A postura inadequada pode ocorrer por um desequilíbrio muscular, evidenciado pela fraqueza da parede abdominal e pelo encurtamento da musculatura vertebral lombar e flexores do quadril. Associado a esse quadro, observa-se aumento da lordose lombar, causa frequente de quadros de lombalgia. Por isso, o fortalecimento e o alongamento das musculaturas favorecem a manutenção ou a melhora do alinhamento postural.
Um estudo da Universidade de West Virginia, nos Estados Unidos, acaba de mostrar que o método presta um enorme serviço à região lombar. De 90 portadores de lombalgia recrutados para o trabalho, aqueles que se dedicaram à ioga duas vezes por semana durante seis meses relataram a remissão da dor. De onde vem a melhora? "A ioga diminui o estresse, relaxa os músculos tensos e fortalece os flácidos, além de restabelecer a postura", responde Rojo. É um antídoto para conter ou prevenir acessos de dor. A quem sofre do problema, o conselho é optar pelas linhas mais tradicionais. "Elas são as que mais favorecem o relaxamento, a postura e a concentração por meio de exercícios leves que respeitam as limitações de cada um", diz Rojo.


Alongamento
Apesar de não atuar de forma significativa na diminuição da porcentagem de gordura ou no fortalecimento abdominal, o alongamento presente no yoga pode auxiliar na melhora da definição muscular. Isso porque esses movimentos promovem o equilíbrio postural, fator extremamente importante também para a estética.

Retenções e Contrações
Os chamados bandhas (retenções e contrações, sobretudo musculares) que a médica Maria Auxiliadora Craice, do Hospital Heliópolis, em São Paulo, recomenda a seus pacientes, produzem, segundo ela, pressões negativas onde, em geral, se têm pressões positivas. O uddiyana-bhanda, por exemplo, consiste em massagear os órgãos internos, com uma espécie de sucção. Na sua execução, pressiona-se a parede abdominal contra a coluna vertebral, elevando o diafragma.
Kuvalayananda (1924) demonstrou no primeiro estudo científico de uma técnica de Yoga que o Uddiyana reduz muito a pressão intestinal. Os efeitos mecânicos desta redução podem incluir melhora da drenagem dos tecidos e alongamento dos órgãos abdominais.

Referências Bibliográficas disponíveis em:
SILVA, Gerson D’Addio da. Curso Básico de Yoga: teórico prático. 1 ed. São Paulo: Grecco e Mello, 2007. p.254

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